sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Que Tal Um Beijo?

Resenha: A Menina Que Roubava Livros, de Markus Zusak

"Talvez esse seja um castigo justo para aqueles que não possuem coração: só perceber isso quando não pode mais voltar atrás."


Este livro me foi recomendado há algum tempo atrás (anos atrás, para ser precisa), mas nunca havia me interessado realmente nele. Enquanto passeava por meu Facebook percebi uma foto de uma floresta coberta de neve, onde diversas pessoas comentaram coisas como "Lembrei de A Menina Que Roubava Livros!". Então me lembrei dele, e comecei minha leitura. Agora cá estou para recomendá-lo ao próximo que não se assustar com livros longos (para falar a verdade, nem é tão longo assim).

Em A Menina Que Roubava Livros temos uma narradora um tanto quanto ilustre, que é a própria Morte, - não se espantem, ela é totalmente diferente do que você acabou de pensar. A Morte conta sobre uma garotinha de aproximadamente 10 anos e seus próximos quatro anos vivendo na rua Himmel (cidade de Molching), na Alemanha nazista. Depois de ver seu irmão mais novo falecer a caminho da nova casa e ser deixada pela mãe sob os cuidados de uma dona de casa chamada Rosa e um pintor chamado Hans, Liesel aprende a ler e escrever com o pai de criação, enxergando novos horizontes e novos universos para onde pode escapar. Na estória também há outros personagens como Rudy, seu melhor amigo de cabelos cor de limão (e que sempre pedia beijos) e Max, um judeu que Hans e Rosa abrigam em seu porão.
Preciso dizer que Rosa e Hans lembraram, em parte, meus próprios pais, Rudy me lembrou um amigo e Max me lembrou um conhecido e o que eu penso que ele defende na vida. Todos os personagens tem seu lugar especial, pois este é um daqueles livros onde você consegue ter um retrato detalhado da maioria deles, e não só dos principais (como tem acontecido com a maioria dos livros que tenho lido ultimamente). Acho que fico com Hans como meu favorito, pois, como disse, ele me lembra meu pai, e é muito compreensivo com Liesel quando Rosa não consegue entendê-la. Não sei o que há nele de tão especial, mas isso está lá.

O que mais me surpreendeu durante a leitura foi que, ao contrário do que eu esperava, o livro não foca somente na vida que levavam os Alemães durante o movimento nazista, mas na convivência que Liesel tinha com a própria família, com os amigos e, é claro, com os livros.
Esta obra me deu outra visão sobre o nazismo. Às vezes, pela força do hábito e pelo que me foi ensinado nas aulas de História, eu costumava tratar os Alemães como inimigos. Inimigos, assassinos, traidores... Tudo que, na verdade, Hittler foi, ou fez com que algumas das pessoas fossem. Notei que estes pobres patriotas não tiveram outra escolha a não ser, e que nem sempre eram a favor do nazismo - muito pelo contrário. Também pude ver como era a vida que um Judeu levava, ou que pensava que devia levar. Isso com certeza me virá à cabeça quando alguém falar sobre Führer.
Uma das coisas que mais me marcou durante a leitura foi um desenho do livreto de Max, onde estava uma montanha de corpos com Hittler sobre ela, segurando pela mão uma garotinha e dizendo "É um belo dia, não?". Mudou minha visão mais do que qualquer aula que tive até hoje.

Uma adaptação do livro será laçada em Janeiro de 2014, e pude ver algumas fotos das filmagens. Posso dizer, através do pouco que vi, que não estou realmente satisfeita com o elenco, e que o que imaginei foi o contrário de tudo aquilo. Só espero que os detalhes sejam poupados, e estou torcendo muito para isso. Escrevo uma nota por aqui quando assisti-lo de verdade.

Não posso falar sobre o final do livro muito detalhadamente, mas posso dizer que me surpreendeu, e que eu esperava exatamente o contrário. É uma obra, acima de tudo, muito bonita, que apresenta os personagens de uma forma que eu nunca havia visto em um livro antes (apesar disso, lembrei-me do filme O Curioso Caso De Benjamin Button, que possui uma apresentação de personagens quase tão maravilhosa quanto).
Recomendo o livro para todas as idades a partir de 13 anos, pois acredito que algumas de suas cenas, apesar de serem tratadas com extrema delicadeza pela Morte (tomara que ela pense exatamente da forma como diz o livro), ainda são muito fortes. Quanto à maneira como é escrito, é de fácil entendimento e, apesar de alguns palavrões aqui e ali, não é um livro dedicado apenas para adultos.

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