quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O Fim da História Sem Fim

O Fim da História Sem Fim

Penso que nem a lua sabe sobre quanto tempo levei para começar a escrever isso. “Isso” que pode ser um pedido de desculpas, ou não. E que pode ser uma bandeira branca, ou não. E que pode ser um conto, ou não. Acho que, no fim, pode ser o que cada um quiser que seja (o problema é que ainda não decidi o que é para mim mesma).
Escrevo isso pensando que seria tão mais fácil fazê-lo se você me odiasse para sempre, mas, bem no fundo, sabendo que se este fosse o caso “você” não seria você e aí, consequentemente, eu não te amaria tanto.

Não acho que posso explicar exatamente o que aconteceu, mas apostarei na teoria de que você é esperto o suficiente para imaginar o que foi (não é isso o que os quase-escritores fazem?). Ao mesmo tempo, meu ego é grande demais para direcionar o dedo da culpa a mim mesma, e é por isso que o apontarei para o silêncio e o vão que surgiram quando não tive coragem o suficiente para questionar sobre o que deduzi.
O que mais me tem matado nos últimos dias (e que eu confesso que achei que passaria depois de certo tempo) foi a ausência de um final falado, ou escrito. Minha teoria sobre o que poderia estar acontecendo ainda se mantem firme dentro de minha mente apressada, no entanto. 
Não peço perdão se estiver errada, pois perdão não é uma coisa sobre a qual gosto de falar, mas talvez isso me aborreça porque, mesmo que ela seja real, não consegue apagar por completo todas as coisas fantásticas que giravam em torno, como um céu cheio de estrelas.

Não sei o que é que há entre a gente. Talvez isso seja só loucura na minha mente, mas já me ocorreu a ideia (possivelmente) maluca de que nos sentimos da mesma forma. E, sim, eu tenho observado outros olhos nos últimos dias, como você também provavelmente tem feito, mas estaria mentindo se dissesse que eles conseguiram afastar os seus próprios de minha mente por muito tempo. Não sei se gostaria que eles voltassem, no entanto – provavelmente isso está mais próximo a um arrependimento que me faz pensar que eles ainda poderiam estar aqui, se acontecesse diferente.
Mas diferente como, se somos duas criaturas tão tolas e medrosas? Pela primeira vez nos vimos gostando e o que fizemos foi... correr!
Também te consola o pensamento de que deveríamos ter nos encontrado, mas esta não foi a hora certa para que isso acontecesse? 

Estaria mentindo se dissesse que consigo não sorrir enquanto lembro do decorrer da história. Dos olhares perdidos. Do primeiro sorriso. Da primeira semana e do mundo de nuvens e casas na floresta (parece tão distante!) e das idas, e voltas, e confissões sobre “eu não consigo sem você”. E os elfos. Livros e músicas. Tolkien e Lewis. Eu poderia conhecer mil pessoas diferentes, e aposto que em nenhuma dessas vezes algo tão belo aconteceria. Nada seria horrível o suficiente para apagar esse agridoce infinito.

Eu aposto que você ainda não está dormindo. E no meio de um pensamento tomado por “ele” me surge você, tão incrivelmente pequeno com seu olhar que me faz chorar e sem acreditar em nada, e talvez sem alguém a quem contar ou paciência para escrever, e nesse momento me sinto uma criatura tão detestável, porque eu queria poder te oferecer meus braços, mas ao mesmo tempo não posso fazê-lo. Não sei, tampouco, se você iria querê-los.  

Alguém me disse que palavras podem fazer alguém em pedaços, mas carregam com elas o poder de juntá-los novamente. É irônico que eu te venha com palavras... se quiser, pode cuspir em mim por isso. O engraçado em tudo é que mesmo se me tocasse o ódio, eu jamais perderia essa afeição fantástica por esses lábios e olhos estreitos – que não são, nem de longe, só estreitos. E eu vou agir como você por alguns segundos e dizer que tudo acaba, mas voltar a ser eu mesma para terminar a frase concluindo que isso não funciona com o amor. Amor não acaba, porque fica preso para sempre num passado inalterável, nas lembranças dos dias quentes e nos planos de um futuro que só existiu, estranhamente, no passado.

Talvez não consiga me aproximar de você porque sinto tanto, e eu sei quanto medo me causa ser afogada por tais emoções. Mesmo assim, sou corajosa o suficiente para criar esperanças e pensar que podemos, eventualmente, num futuro que pode ser bem distante, escrever aquele conto sobre vidas que podem ter acontecido. Era pra ser engraçado...
(Não direi aquelas três palavras de novo. Você já sabe quais são.)