terça-feira, 20 de agosto de 2013

Alegres, Inocentes e Sem Coração

Resenha: Peter Pan e Wendy, de J. M. Barrie

"Ela lhe contou histórias, ele a ensinou a voar. Amavam-se, mas ele não queria crescer."

Há alguns dias gostaria de escrever sobre este livro tão trágico e bonito ao mesmo tempo, que é Peter Pan. Uma leitura fantástica que faz com que nos capturemos pensando em passar algumas temporadas na Terra Do Nunca, onde vivem sereias, fadas e piratas.

Peter Pan e Wendy conta a estória de um garoto que nunca, nunca cresce. Certa noite, avistou pela janela de uma das ruas de Londres, Wendy, a filha mais velha da família Darling. Wendy costumava contar estórias e contos de fadas aos irmãos mais novos. Num descuido, Peter deixa que sua sombra fique presa no quarto dos irmãos Darling, e volta para buscá-la, despertando a garota que é convencida a viajar com o estranho menino flutuante até a Terra Do Nunca, levando consigo seus irmãos.
Lá, as crianças viverão a maior aventura de suas vidas, lutando com o pavoroso Capitão Gancho e sua tripulação de piratas ao lado dos Meninos Perdidos.

Wendy é minha personagem favorita por uma série de razões. Primeiro porque também senti (e ainda sinto) dificuldades para crescer, mas, apesar disso, tenho consciência o suficiente para saber que tenho de fazê-lo. Segundo porque, acho que se eu mesma fosse à Terra Do Nunca, mesmo com Peter e todos os atrativos impressionantes, voltaria para casa, e Wendy sempre manteve isso em mente, nunca esquecendo dos pais ou de suas origens.
Também adoro Peter, pois ele é engraçado como ninguém com seu orgulho e amor próprio. Houve uma parte onde Wendy disse que algo era lindo e ele, pensando ser um elogio, admitiu: "Eu sou lindo! Eu sou lindo!". Só não gosto muito de Peter porque ele esquece de tudo tão rápido... 

O que mais gostei no livro são as coisas que Barrie escreveu sobre as mães, sobre a estória dos abajures e também sobre como surgem os Meninos Perdidos - quando bebês caem do carrinho e não são procurados em uma semana se tornam Meninos Perdidos (não há meninas perdidas, pois elas são muito espertas para caírem de seus carrinhos).
O que menos gostei foi da colocação que o livro faz sobre as esposas. Que devem cuidar de crianças, preparar comida e serem servas fiéis de seus maridos... Está certo que ele foi escrito há cem anos, mas não preciso adorar isto, certo?

O livro foi adaptado ao cinema duas vezes, e a minha versão favorita é a lançada em 2003 (não a da Disney, mas aquela com pessoas "reais" interpretando os personagens), acho que ele se tornou um de meus filmes favoritos! Achei que Peter pareceu muito mais atraente e gentil com Wendy nesta versão, e é mágico como, mesmo em duas horas, podemos sentir o amor que um tem pelo outro. Amor entre quase-crianças... Será que pode existir algo mais sincero? Arrisco em dizer, até, que preferi este final ao do livro...

Acho que Peter Pan fala de coisas que apenas adultos interpretarão da forma como eles costumam fazer, e coisas que apenas crianças entenderão, porque, bem... ela são crianças. Elas são alegres, inocentes e sem coração. Recomendo sua leitura, pois, mesmo que você nunca tenha estado lá (será mesmo?), você realmente lembrará deste lugar. Lembrará de Peter, e Wendy, e dos Meninos Perdidos.

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