quarta-feira, 31 de julho de 2013

Lembranças

Resenha: O Oceano no Fim do Caminho, de Neil Gaiman

"Ninguém realmente se parece por fora com o que é de fato por dentro. Nem você. Nem eu. As pessoas são muito mais complicadas que isso. É assim com todo mundo."

Desde que li Coraline e decidi pesquisar um pouco sobre Neil Gaiman este se tornou um de meus escritores favoritos. Era de se esperar que eu ficaria curiosa ao avistar O Oceano No Fim Do Caminho, que foi lançado recentemente no Brasil, em uma livraria. Pois bem, por pura curiosidade decidi trazê-lo para casa comigo.O Oceano No Fim Do Caminho contam sobre as memórias de um homem já adulto (de aproximadamente 50 anos, de acordo com meus cálculos). Especialmente sobre quando seus pais tiveram dificuldades financeiras e o enviaram para outro quarto, passando a receber inquilinos no canto que antes era dele.
Depois que um dos inquilinos comete suicídio próximo à pequena fazenda Hempstock, onde moram três mulheres, forças que não são deste mundo são despertadas, provocando acontecimentos não muito agradáveis pelas redondezas. Recusando-se a buscar pela ajuda dos adultos (que segundo ele não compreenderiam absolutamente nada do que estava acontecendo no momento), o garotinho de sete anos de idade passa a desvendar mistérios junto de Lettie Hempstock, lutando contra a força ainda desconhecida.

Adorei o narrador da estória, que é o garotinho de sete anos de idade (na verdade ele já é um adulto agora, mas ainda não absorvi esta ideia), que gosta muito de livros e lida com seus problemas perfeitamente bem, apesar da pouca idade. Também gostei muito da vovó Hempstock, que deveria me ensinar como fazer com que a lua ficasse cheia para sempre na janela dos fundos da casa...
O início foi o que mais gostei em todo o livro. Acho que Neil faz com que nós não possamos parar de ler por nenhum segundo sequer, e o desejo de continuar aumentou ainda mais quando a criatura estranha começou a assombrar o personagem principal, usando a própria família do garoto como arma (sim, ela é realmente detestável!). Além disso é divertido poder conhecer o garotinho com quem estamos falando, e todas as mulheres Hempstock.

Apesar de tudo isso, e das frases bonitinhas aqui e ali, achei que a estória só se torna mais atrativa se você pensar por algum tempo, depois de seu fim. Pensar sobre como era a criança que você já foi um dia, se você está esquecendo de algo que tanto prezou antes de crescer, se ela ainda vive em seu coração ou desapareceu por completo.
Acho que este seria um livro para se ler quando esquecemos de quem somos, mas levando em consideração que eu sei quase que completamente quem sou agora ela não fez grande sentido em minha mente. Claro que notei as metáforas, mas, como disse, acho que este não foi o momento.
É um livro curto e confortável, e acredito que possa auxiliar alguém na descoberta de si mesmo. Não foi o meu caso, é claro, mas quem sabe na próxima?

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A Vida Nunca Foi Tão Doce

Resenha: A Fantástica Fábrica de Chocolates, de Roald Dahl

"Não se esqueça do que aconteceu com o homem que conseguiu tudo o que sonhou. Foi feliz para sempre."

Tão doce quanto uma barra de chocolates Wonka! Lembram o que eu disse sobre ficar de olhos bem abertos com relação à biblioteca de minha escola? Foi isso que eu fiz por aqui. Então eu o encontrei! Não sabia que A Fantástica Fábrica De Chocolates era um livro antes de se tornar dois filmes (que vocês provavelmente já conhecem).

O livro conta sobre Charlie, que vive com sua família (seus pais e quatro avós) em uma casinha muito pequena. Eles passam por dificuldades muito grandes, e se alimentam de, basicamente, sopa de repolho de batatas cozidas. Quando o Sr. Bucket é despedido da fábrica onde trabalha tampando pastas de dente as coisas ficam realmente complicadas, e quando a família começa a ficar com mais fome do que deveria é lançada uma promoção. Cinco bilhetes dourados são colocados por Willy Wonka em barras de chocolate que serão enviadas a todos os locais do mundo. Com um objetivo em mente, Charlie acredita e o que parecia impossível se realiza: ele vai visitar a maior e mais fantástica fábrica de chocolates de todo o mundo!

O que mais prendeu minha atenção durante a leitura foram os personagens. Personalidades diferentes, expectativas diferentes e defeitos diferentes, cada personagem (e não são poucos!). 
Meu personagem favorito é o Vovô José. Ele é um amor, e com tantos personagens mesquinhos e aparentemente egoístas isso parece brilhar. O mesmo acontece com Charlie - diante de tantas crianças bobas você simplesmente não tem como não gostar dele. Charlie é adorável, humilde, um pouquinho inteligente... mas isso não me impede de pensar que Veroca Sal deveria ter ficado por mais tempo na fábrica.
Outra coisa muito interessante (além das salas e invenções) são os umpa-lumpas! As canções são engraçadíssimas e muito criativas (principalmente aquela que conta sobre a moça que mascava chiclete e não conseguia mais parar - mascava panelas, sola de sapato, e até mato do jardim).

Foram produzidas duas adaptações para o livro, uma em 1971 e outra em 2005. Ambas tão fiéis quanto possível, eu acredito. Embora eu pense que a versão de 1971 possui uma fábrica mais parecida com a que o livro decidia passar ao leitor a minha favorita continua sendo a de 2005, de Tim Burton. Às vezes você sente vontade de chorar ao assistir uma adaptação, mas essa é tão bonita que ficou melhor que livro! Foram acrescentados mais detalhes e Willy Wonka me pareceu um pouquinho mais interessante. 

Embora eu pense que assistir o filme seja mais divertido, ler o livro é muito rápido e interessante se você quiser saber de mais detalhes (principalmente sobre a família de Charlie). Acredito que esta é uma boa aventura para leitores de primeira viagem, principalmente para crianças e os que gostam de imaginar.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Heróis Terminam Na Forca

Resenha: Trilogia Mundo De Tinta - Livro 2 (Sangue De Tinta), de Cornélia Funke

"Que coração bobo. Ele parece não saber como sentir."

Não recomendo que você leia esta resenha antes de findar a leitura do primeiro livro.
Não é segredo que este se tornou outro de meus livros favoritos, o segundo favorito em toda a trilogia. Encantada com Coração De Tinta procurei-o por um longo tempo, mas nenhuma das bibliotecas que eu encontrei o possuía. Estou muito orgulhosa em dizer que li o livro todinho na internet, sentada em minha cama - costas doendo -, com os olhos vidrados e cansados fixos na tela do computador. Se isso não é amor, então eu não sei o que é.

Sangue De Tinta, o segundo livro da trilogia Mundo De Tinta, continua narrando a estória curiosíssima e maravilhosamente criativa de Meggie, que livrou-se de quase todos os vilões existentes por meio de simples palavras (se você leu o primeiro filme provavelmente sabe que Meggie e Mo tem o talento de retirar das páginas de qualquer livro algo que os mesmos leiam em voz alta). O que ocorreu de diferente foi que agora a garota adentrou as páginas do universo que sempre quis conhecer: o livro Coração De Tinta, escrito por Fenoglio. Acontece que este universo aparentemente perfeito mostrou-se muito cruel e trágico dali em diante, e depois que Mo é capturado, confundido com um famoso salteador, as coisas só ficam ainda mais complicadas.
Meggie cresceu muito do primeiro livro para cá, mas não deixou de ser minha segunda personagem favorita. O primeiro lugar ainda fica com Dedo Empoeirado, mesmo que Resa e Farid tenham se sobre saído um pouquinho mais. Estou feliz de ver um pouquinho sobre como era sua vida em Ombra, como um cuspidor de fogo realmente mágico. Suas filhas, Roxanne, tudo isso me encantou ainda mais.

Costumo dizer que está estória é uma de minhas favoritas pois sua escritora, Cornélia, criou não um, mas dois enredos. Isso porque um livro é envolvido completamente na estória, e entre todos os personagens como Meggie, Mo, Elinor, Dedo Empoeirado (...) ainda sobrou genialidade para que fossem criados outros, como por exemplo Cabeça De Víbora (tenebrosamente maravilhoso), o Príncipe Negro e ainda Roxanne. Isso sem citar os cenários lindíssimos que cercam ambos os mundos (costumo chamá-los de dentro e fora do livro), me diverti muito imaginando Ombra antes de dormir durante estas noites, a cabana de Roxanne, os castelos e materiais para a fabricação de livros e pergaminhos. Tudo impecável, sem furo nenhum.
Algumas pessoas costumam me perguntar coisas como "Você só lê livros infantis?". Sim, eu amo livros infantis. Mas o que eu encontro de mais encantador neles é a pureza, justamente. Nada de palavrões, sexo, cenas sujas. Apenas os personagens e suas milhas de distância de qualquer objeto de natureza impura. Como neste caso.

Se você quiser continuar sua leitura pós Coração De Tinta, dou total apoio a isto! (Este livro tem um mapa, e vocês sabem o que dizem sobre livros com mapas - logo, meus elogios são desnecessários.) Mas fique sabendo que, diferente de Inkheart, esta parte da trilogia não tem um final tão completo quanto a primeira obra, e você não escapará da terceira - o que não está sendo nenhum incomodo para mim, acreditem.

~♥~

Spoiler/Mágoa

Agora sei como é quando seu personagem favorito morre. Isso não pode ficar assim, Cornélia! Dedo Empoeirado, por que me abandonaste??? O caçarei até o recanto das Damas Branças, seu completo idiota! (Evitando falar muito sobre isso, pois chorei o suficiente por ele ontem *pontinha de lágrima*).

sábado, 6 de julho de 2013

Tudo é Possível

Resenha: Oz: Mágico e Poderoso, de Sam Raimi

"Ela só matou um homem, não o que ele acreditava."

Apesar de amar O Mágico De Oz, nunca havia pensado sobre como o grande Oz surgiu. Pensei em Dorothy, em Totó, no Leão, no Espantalho, no Homem De Lata... mas nunca no mágico que tecnicamente os salvou - um mágico incrível, segundo o filme que assisti na noite passada. Até mesmo meu pai gostou (lê-se milagre)!

Oz: Mágico e Poderoso, dirigido por Sam Raimi, conta a estória do egoísta Oscar, um mágico de circo que é levado à estranha terra de Oz por causa de seu envolvimento um tanto quando exagerando com mulheres. Lá, é apresentado à bruxa bonitona Theodora, e em seguida à sua irmã, que se chama Evanora e também é bonitona
Em busca de ouro, Oz decide enfrentar a bruxa Glinda bonitona?, mas acaba descobrindo que a mesma se parece muito com uma antiga paixão e não é realmente má. Confuso, o mágico Oscar se depara com um mundo novo, repleto de jóias, flores e criaturas nada convencionais. A fim de salvar o povo de Oz o ilusionista usa a engenhosidade para derrotar um grande inimigo; tudo isso ao lado de Glinda, um macaco alado (que se chama Finley) e uma menina de porcelana.

Achava que eu já tivesse sofrido o suficiente com as comparações à Coraline, mas depois que a Menina De Porcelana surgiu tive que repensar ("Isa, ela é a sua cara!"/"Isa, é você?"...). Ela acabou sendo uma de minhas personagens favoritas, junto com Finley, que é engraçadinho e uma fofura.
O filme é realmente engraçado, e apesar de parecer infantil creio que ensina uma lição importantíssima a diversos adultos. Tudo é possível se você acreditar.
Os figurinos e os cenários são algumas de minhas partes favoritas, e a transformação do mágico foi algo incrível para mim. Isso porque apesar de parecer superficialmente egoísta surge o amor, a delicadeza, o carinho e amizade criada pelos outros personagens, que já estavam lá, bem no fundo... Tudo muito adorável.

Apesar de não ser um de meus filmes favoritos (propriamente dito), recomendo a todos que esqueceram de como sonhar, e a todos que querem continuar sonhando com coisas impossíveis que assistam. Como citei, a mensagem principal acaba sendo a mesma de O Mágico De Oz: acreditar. Mas vale muito à pena vivenciar tudo isso com personagens diferentes (estou morrendo de vontade de reler O Mágico De Oz agora, só para pensar no mágico de forma diferente). Então... assistam se quiserem! Aposto que não se arrependerão. (E acreditem, pois tudo é possível se você acreditar).

terça-feira, 2 de julho de 2013

Gotas De Júpiter

Gotas De Júpiter

Agora que ela está de volta à atmosfera 
Com gotas de Júpiter em seu cabelo 
Ela age como o verão e anda como a chuva 
Me lembra que há tempo para mudar 
Desde o retorno da temporada dela na lua 
Ela ouve como a primavera e conversa como junho 

 Mas me diga, você velejou através do sol? 
Você chegou até a Via Láctea 
Para ver as luzes todas apagadas 
E aquele paraíso sobrestimado? 
Me diga, você caiu de uma estrela cadente 
Uma sem uma cicatriz permanente 
E você sentiu minha falta 
Enquanto você estava buscando por si mesma lá fora? 

 Agora que ela está de volta daquelas férias da alma 
Traçando o caminho dela através da constelação 
Ela procura por Mozart enquanto ela faz Tae-bo 
Me lembra que há espaço para crescer 
Agora que ela está de volta à atmosfera 
Estou com medo que ela possa me ver como uma 
Garota comum que contou uma história sobre um homem 
Que tinha muito medo de voar então ele nunca aterrissou 

 Mas me diga, o vento te conquistou? 
Você finalmente teve a chance de dançar junto à luz do dia 
E voltar para a Via Láctea? 
E me diga, Vênus te surpreendeu? 
Foi tudo o que você quis encontrar? 
E você sentiu minha falta 
Enquanto você estava buscando por si mesma lá fora? 

Você consegue imaginar nenhum amor, orgulho, frango frito 
Seu melhor amigo sempre defendendo você (mesmo quando eu sei que você está errada)? 
Você pode imaginar nenhuma primeira dança 
Um romance congelado, 
Uma conversa de 5 horas no telefone, 
O melhor café com leite de soja que você já tomou e... eu? 

 Mas me diga, o vento te conquistou? 
Você finalmente teve a chance de dançar junto à luz do dia 
E voltar para a Via Láctea? 
Mas me diga, você velejou através do sol? 
Você chegou até a Via Láctea para ver as luzes todas apagadas 
Para ver aquele paraíso sobrestimado? 
Me diga, você caiu de uma estrela cadente 
Uma sem uma cicatriz permanente 
E você sentiu minha falta enquanto você estava buscando por si mesma? 

E você finalmente teve a chance de dançar junto à luz do dia? 
E você caiu de uma estrela cadente? 
Caiu de uma estrela cadente? 
E você está se solitária buscando por si mesma lá fora?

Drops Of Jupiter, de Train